A Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) concluiu que a intervenção da EDP Distribuição para resolver os problemas provocados pela intempérie de 23 de Dezembro na região Oeste “foi adequada na afectação dos meios técnicos e humanos mobilizados para repor a continuidade do serviço”. Desta forma, a DGEG isenta a EDP das queixas de empresários, populações e autarcas sobre a demora na reposição da energia. Não deixa, no entanto, de recomendar que “há que aprofundar a análise e identificação de debilidades que devem ser superadas no plano organizativo técnico”. Do mesmo modo, a DGEG recomenda que a EDP “analise as reclamações derivadas desta ocorrência, caso a caso, e pondere a atribuição de apoios e ajudas para as situações mais críticas criadas pela tempestade e interrupção de serviço”. Num relatório divulgado na semana passada sobre a intervenção da empresa, a DGEG, com base na informação prestada pelo Instituto de Meteorologia, reconheceu que a velocidade do vento atingiu valores “bastante superiores aos estipulados no Regulamento de Segurança de linhas eléctricas”. As medições realizadas nos parques eólicos da Serra de Todo o Mundo, no concelho do Cadaval, e na Serra d’El Rei, no concelho de Peniche, apontam para valores na ordem dos 195 km/h e 169 km/h, respectivamente. Uma análise do radar instalado em Coruche indicou a velocidade do vento na ordem dos 220 km/h. “A intensidade da intempérie, bem superior à capacidade de suporte projectada para a infra-estrutura eléctrica no seu todo, não danificou ou afectou apenas esta, mas também árvores e outras infra-estruturas, designadamente viárias, existentes nas proximidades da rede eléctrica. Tal facto acentuou o efeito destrutivo da intempérie sobre a rede de distribuição”, considerou a DGEG. A EDP “implementou o Plano Operacional de Actuação em Crise”, tendo os níveis de alerta “sido aumentados à medida que se foi tomando conhecimento da gravidade da situação”. De acordo com a DGEG, foram afectados 350 mil consumidores na região Oeste. A dimensão dos danos causados na rede de distribuição foi enorme, contabilizando-se 726 postes de alta, média e baixa tensão partidos, mais de 100 quilómetros de linhas afectadas e 20 postos de transformação danificados. Chegaram a ser mobilizados 800 funcionários, 360 viaturas e 50 geradores móveis para responder às ocorrências relatadas, o que permitiu “dentro das primeiras 24h repor o fornecimento de energia eléctrica a 87% dos consumidores e no final de 48h a 98%”. O restabelecimento total aconteceu a 28 de Dezembro, cinco dias depois da intempérie. A DGEG chega a fazer a comparação com situações semelhantes ocorridas noutros países, apontando que o tempo médio de reposição total do serviço nesses casos foi de 16 dias. Razão pela qual entende que a resposta da EDP “foi adequada”, considerando que a empresa “estava preparada para actuar em situações de crise”. Regista-se ainda que a intervenção, “apesar das condições climatéricas adversas e as más condições de acesso, decorreu sem qualquer acidente para as equipas envolvidas ou para a população”. Empresas do distrito de Leiria pedem mais qualidade Um inquérito realizado pela NERLEI – Associação Empresarial da Região de Leiria aos seus associados e 250 maiores empresas do distrito para avaliação da qualidade dos serviços da EDP conclui que “o fornecimento de energia eléctrica é deficiente e influencia negativamente a competitividade das empresas do distrito”. Das empresas inquiridas, 91,8% afirma que foi afectada por cortes de energia no ano de 2009 e destas, 39,3% diz que os cortes de energia acontecem sempre que há mau tempo, não entendendo que tal aconteça pois considera que a rede de distribuição deveria estar melhor preparada para resistir às condições atmosféricas adversas. Apesar de as falhas/cortes de energia registados serem, na sua maioria, de curta duração (66,5% inferiores a uma hora e 29% entre uma e quatro horas), os seus efeitos na actividade das empresas são, mesmo assim, “muito graves”. “De uma forma geral as empresas são deveras penalizadas, sendo o efeito mais leve a diminuição de produtividade por paragem de trabalhadores, máquinas e equipamentos (apontado por 41,3% das empresas), o que num país onde o aumento da produtividade é essencial à sobrevivência das empresas na economia global é deveras sintomático. De referir ainda os custos de avarias em máquinas e equipamentos provocados pelos cortes de energia, mencionados por 26,7% das empresas, e até o incumprimento de prazos de entrega (11,7%) e perda de clientes (3,6%)”, revela o relatório. Das 379 empresas que sofreram cortes de energia em 2009, apenas 16,8% consideram que os efeitos desses cortes na actividade da empresa foram praticamente nulos. De salientar que várias destas empresas adiantam que isso se deve ao facto de terem adquirido UPS e geradores. Quando questionados sobre as causas deste cortes/falhas de energia, apesar de 37,9% das empresas referir que são as condições atmosféricas adversas que estão na origem dos cortes verificados, é de salientar que 62,1 por cento indica causas directamente imputáveis à empresa distribuidora: a falta de manutenção das linhas (27,18%) e a ausência de investimentos na actualização e modernização da rede face às necessidades actuais (34,92%). A atribuição de responsabilidade à EDP pelas falhas/cortes de energia devido a falta de investimento na actualização e modernização da rede de distribuição é comprovada pela afirmação de grande parte dos inquiridos (55%) de que o problema das falhas/cortes registados em 2009 se arrasta há cinco anos ou mais. Ao problema dos cortes/falhas de energia acresce a dificuldade em estabelecer um relacionamento fácil e eficaz com a EDP. Foi solicitado aos inquiridos que avaliassem quatro parâmetros: comunicação de avarias, resposta às avarias comunicadas, tratamento das reclamações e pedido de serviços técnicos. Em todos eles a maioria avalia os serviços como “razoáveis”, no entanto, nos parâmetros de “resposta às avarias” e “tratamento de reclamações” a avaliação é “razoável” mas com tendência para o “mau”. Muitas empresas, especialmente as que não têm gestor de conta, queixam-se do “contacto muito impessoal que é falar com alguém que atende no call center para registar uma avaria que, além disso, não sabe dar informação concreta do que se está a passar no terreno”. Não compreendem ainda o facto de a EDP não assumir os custos dos prejuízos causados nas empresas pelo deficiente fornecimento de energia eléctrica. Este inquérito foi realizado pela NERLEI entre os dias 5 e 8 de Janeiro, por telefone, a 413 empresas, de um universo total de 668. Francisco Gomes
EDP teve “intervenção adequada” para resolver falta de luz na região Oeste

Últimas
Artigos Relacionados
Bombeiros caldenses responderam a 112 ocorrências
A depressão Martinho causou danos significativos no concelho das Caldas da Rainha entre as nove horas da manhã de dia 19 e as oito da noite de dia 22, com os bombeiros a responderem a 112 ocorrências, que envolveram 455 operacionais e 130 veículos, ao longo de 113 horas de “muito trabalho em circunstâncias bem difíceis, para ajudar os caldenses e garantir a sua segurança”, transmitiu o comandante da corporação caldense, Nelson Cruz.
Quedas de estruturas e arrastamento de terras no Bombarral
No seguimento da depressão Martinho, foram registadas, desde a madrugada de 20 de março até às 17h00 desse dia, 53 ocorrências no concelho do Bombarral.
Encerramento de espaços na Serra de Montejunto
Na sequência dos danos provocados pela depressão Martinho, a Real Fábrica do Gelo, o Parque das Merendas, o Centro de Interpretação Ambiental, o bar e o Parque de Campismo na Serra de Montejunto, no Cadaval, encontram-se encerrados por não reunirem as condições de segurança necessárias.
0 Comentários