A edição de Janeiro do “Paredes de Cor” no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha recebe um conjunto de azulejos do ceramista Mário Reis. Mário Reis é descendente de cinco gerações de oleiros das Caldas da Rainha e apresenta no CCC uma série de azulejos trabalhados um a um, mas com muitas semelhanças. “Cada um é uma peça única. Embora possam ser parecidos, há sempre um pormenor que os diferencia”, explicou o artista. Cada azulejo é produzido no imediato, sem um estudo prévio, o que dá ao ceramista uma grande liberdade criativa. “Em Portugal há uma grande tradição na azulejaria, quer em painéis interiores, quer em fachadas de edifícios. O meu trabalho é uma forma diferente de ver os azulejos. São peças mais decorativas”, adiantou ainda. Os azulejos podem ser adquiridos à unidade ou serem utilizados para criar painéis grandes. Torna-se também mais acessível a quem quer adquirir uma peça de cerâmica de autor. Talvez por isso é o tipo de peça que mais vende. Embora tenha crescido ligado a uma tradição já secular, Mário Reis teve necessidade de procurar novas soluções expressivas. Mário Reis utiliza geralmente o grés e pasta refractária nos seus trabalhos e decora-os usando uma variedade de métodos antes de sofrerem uma primeira cozedura, tais como desenho directo ou a adição de elementos realizados na roda de oleiro como parte integrante do trabalho. São utilizados vidrados e efectuada uma segunda cozedura, formando um jogo de cores que cobrem totalmente ou parcialmente as peças. Em muitos casos combina com a cerâmica outros materiais orgânicos como a madeira e não orgânicos tais como metais e vidro transformado através de fusão, formando assim contrastes entre as cores e texturas dos diversos materiais. Recentemente Mário Reis esteve representado no 6º Salão de Cerâmica de Arte Contemporânea em Paris. O artista destaca a importância que tem sido dada à cerâmica nas Caldas da Rainha, através de uma série de iniciativas. “Se há coisa que temos de valorizar, no qual somos bons e temos tradição, é a cerâmica”, salienta.