Com a promoção da Fundação suíça “Anouk”, o Serviço de Pediatria do Hospital Oeste Norte, nas Caldas da Rainha, tem um novo ambiente. repleto de cor e fantasia, através da pintura das várias paredes do serviço com motivos do imaginário infantil. A Praça da Fruta e as Termas das Caldas serviram de inspiração a quatro pintores franceses, que durante quatro semanas e meia pintaram desde o corredor principal a todas as enfermarias e salas de trabalho do serviço de pediatria, que acolhe desde bebés a partir de um mês de idade a jovens até aos 16 anos.  “A pintura pode ter um papel fundamental no desdramatizar do internamento e contribuir para que as crianças percam o medo”, afirmou Helena Almeida, directora do serviço de pediatria do Centro Hospitalar Oeste Norte (CHON) durante a cerimónia de inauguração da obra e agradecimento aos patrocinadores que decorreu no passado dia 15. O projecto começou no dia 16 de Novembro com a vinda dos quatro artistas franceses para Caldas da Rainha, onde permaneceram durante quatro semanas a pintar o serviço de pediatria do Hospital. Todas as intervenções que os elementos desta fundação fazem são diferentes e únicas. Os artistas da Anouk falaram com várias pessoas ligadas ao serviço de pediatria do hospital antes de delinearam a sua estratégia de intervenção. Os pintores costumam trabalhar com quarenta animais que adaptam a cada serviço, revelando, que neste hospital foram deixados muito à vontade para usar a sua imaginação. A pintura, efectuada com tintas não tóxicas, retrata os animais com uma ligação às frutas e legumes da emblemática praça caldense (das raras do país que se mantém a céu aberto) e às imagens alusivas ao termalismo e à água. Mas, em cada enfermaria, “tivemos a preocupação de escolher um tema apropriado à idade das crianças internadas”, explicou Greg Reti, um dos pintores que vive em Paris. Para a enfermaria dos bebés escolheram um tema muito simples, com a pintura dos animais mais comuns, como o gato, pato, urso, onde utilizaram as cores primárias. Para as enfermarias dos jovens mais velhos a imaginação centrou-se nos desportos radicais e nas novas tecnologias. O pintor francês adorou a sua estadia nas Caldas, alegando que foram muito bem recebidos pelos caldenses, nomeadamente as pessoas do hospital, que fizeram tudo “para tornar o nosso trabalho mais agradável”, disse, acrescentando que “todos foram muito compreensivos com alguns transtornos que causámos quando estávamos a pintar”. Durante quatro semanas nas Caldas tiveram tempo para visitar a fábrica Rafael Bordalo Pinheiro e durante a noite visitaram alguns bares, nomeadamente o Demodé, no qual fizeram amizade com o proprietário, Alberto, aluno da ESAD. “Como somos todas pessoas que frequentámos escolas de arte foi muito bom porque trocámos conhecimentos”, apontou, referindo que vai voltar às Caldas para passar férias e visitar alguns amigos que fez.  “Com esta operação deu-se uma nota de alegria, magia e humanização e decoração ao serviço, que foi remodelado mas precisava de cor”, referiu Helena Almeida, que estabeleceu contactos com a organização há dois anos, depois de ter tomado conhecimento do trabalho feito no Hospital D. Estefânia, em Lisboa. Emocionada com o resultado do trabalho, que excedeu as suas expectativas, agradeceu a todos, nomeadamente à Anouk Fundation e aos patrocinadores. A responsável destacou ainda a alegria que as crianças sentem quando chegam ao local com as pinturas feitas. Entre os benefícios destaca a redução do medo, a facilidade de comunicação e a distracção para com, por exemplo, as máquinas, pois também estas são “camufladas”. A Anouk Foundation, sedeada em Genebra (Suíça), foi criada em 2008 e desde então já concretizou projectos em 17 instituições de oito países. O nome Anouk surge como uma homenagem que os responsáveis da organização decidiram fazer a uma menina de cinco anos, deficiente mental e filha de um dos seus patrocinadores, que lhes garante as oficinas. E porque se trata de uma fundação sem fins lucrativos, que oferece os seus serviços aos hospitais, trabalhando com mecenas e patrocinadores, a instituição contactou algumas empresas para o projecto do Serviço de Pediatria do Hospital nas Caldas, orçado em cerca de 30 mil euros. Beatriz Aristimuño, uma das coordenadoras da Anouk que esteve no Hospital Oeste Norte para a inauguração da intervenção, referiu que, “para além de acalmar os miúdos, as pinturas encantam os adultos”. Durante a cerimónia de inauguração, o JORNAL DAS CALDAS falou com Mara Andrade, do Olho Marinho, mãe de uma menina de 12 meses que estava internada no serviço de pediatria. Achou as pinturas ”maravilhosas”, sustentando que “dá ânimo num local que precisa mesmo de cor e alegria”.    Marlene Sousa