Mais de vinte depoimentos espontâneos, troca de memórias, informações e pistas sobre a extraordinária obra do Mestre Ferreira da Silva foram apresentado no passado dia 12 no pequeno auditório do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha. Amigos, estudiosos, coleccionadores, colaboradores, observadores e fãs do artista falaram sobre a obra e da pessoa que é Ferreira da Silva. Esta foi uma iniciativa que pretendeu “contribuir para um melhor conhecimento da vasta obra deste artista”, disse o investigador João Serra, comissário da Festa da Cerâmica e coordenador do futuro Atelier Municipal Ferreira da Silva, acrescentando que o encontro “ultrapassou as expectativas para todas as pessoas”. Segundo este responsável, “não era uma reunião académica para apresentar estudos sobre a obra de Ferreira da Silva, mas depoimentos, testemunhos, pontos de vista que alertam para aspectos menos conhecidos do artista”. Para João Serra, o espírito da iniciativa foi compreendido e os depoimentos espontâneos, não preparados, acabaram por ser uma partilha de informação sobre Ferreira da Silva. “Houve testemunhos para obras mais reveladas e houve outras individualidades que falaram da obra em curso do artista, como por exemplo o poeta Paulo Ferreira Borges, que talvez é das pessoas que o conhece há menos tempo, mas por estar a trabalhar com ele, falou do seu trabalho em curso”, apontou o coordenador do futuro Atelier Municipal Ferreira da Silva. Os depoimentos, relatos e sugestões que foram apresentados foram todos registados em vídeo e constituirão material para o primeiro elemento documental para a investigação que se desenrolará no Atelier Municipal Ferreira da Silva, a cargo de uma equipa dirigida por João Serra. O investigador realçou que uma das trocas de informação sobre o mestre que ficou saliente na iniciativa foi que “ele é um artista da cidade e não do seu ateliê”. “Não se trata de um artista que está no seu ateliê e que nós encomendamos uma peça ou que visitamos sempre que ele faz uma exposição, aliás, porque ele faz muito poucas mostras”, explicou João Serra. Um artista brilhante ao mesmo tempo uma pessoa humilde, Ferreira da Silva achou o encontro “sensacional” e nunca pensou que o seu percurso pudesse chegar a uma circunstância “desta natureza”. “Por um lado vou encantado, por outro triste, por não estar à altura daquilo que foi dito e mostrado”, sublinhou. Neste momento o mestre Ferreira da Silva está a fazer uma obra em cerâmica para a passagem superior para peões que está em construção na linha de caminho-de-ferro junto ao Largo da Vacuum. Neste encontro foi ainda lançado o catálogo da exposição “Atelier Municipal Ferreira da Silva – Primeiras Aquisições”. A exposição poderá ser vista no CCC até ao final deste ano. Alargamento do Museu da Cerâmica vai ser discutido com o Secretário de Estado Coube ao presidente da Câmara das Caldas da Rainha fazer o encerramento do encontro sobre Ferreira da Silva. Aproveitou o momento, uma vez que estava rodeado de pessoas lidadas à cultura das Caldas, para anunciar que foi contactado pelo Secretário de Estado da Cultura no sentido de agendar uma reunião para tratarem da questão do Museu de Cerâmica quer na sua exploração, gestão e alargamento. O autarca quer ir para o encontro com o secretário de Estado da Cultura, que em princípio ficou marcado para dia 18 de Dezembro, com uma noção se deveriam ir para o alargamento do actual Museu da Cerâmica como estava previsto ou se deveriam ir para a frente com a ideia de fazer todo o Museu de Cerâmica nos pavilhões do Parque. “Não sou eu que vou decidir isso, inclusive a Administração do Hospital Oeste Norte já me escreveu a deixar a hipótese dos Pavilhões do Parque ser o futuro Museu da Cerâmica”, apontou o autarca. Quanto à Casa Ferreira da Silva, Fernando Costa referiu que independentemente do Museu da Cerâmica vão fazer um ateliê para o artista trabalhar e para ter os seus trabalhos. Revelou que o Município continua em negociações com o BCP com o intuito de comprar a Secla antiga para esse efeito. No âmbito desta questão do Museu da Cerâmica, o historiador João Serra é da opinião que a Câmara das Caldas deveria ser muito prudente e “ouvir rigorosmente que presente é que o Governo nos quer entregar”. “Eu percebo que a Autarquia tem uma grande preocupação com os Pavilhões do Parque e não tenho nunhuma objecção à ideia dos pavilhões para utilização cultural”, declarou, acrescentando que a antes de decidir a localização do Museu a Câmara tem que saber qual o programa museológico que o Estado pretende entregar às Caldas. João Serra referiu ainda que outra hipotese é o Governo nomear um grupo de trabalho para fazer uma proposta sólida sobre o futuro Museu de Cerâmica. “Não temos que decidir até ao dia 18 de Dezembro, andámos anos e anos sem decisão nenhuma, agora temos é que ver o que está em causa do ponto de vista financeiro e do programa museológico”, adiantou. Marlene Sousa