Fechou com “chave de ouro” a Festa de Cerâmica 2009 com a inauguração da exposição “Colecção Municipal Ferreira da Silva – Primeiras Aquisições”, que teve lugar no passado sábado, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha. A mostra, que está patente até 31 de Dezembro, é constituída por trabalhos adquiridos recentemente pela Câmara Municipal com o objectivo de reunir um espólio do artista caldense e ao mesmo tempo constituir o Atelier Ferreira da Silva. Com um funcionamento e gestão inovadores, o futuro atelier irá proporcionar ao artista um local de trabalho onde este desenvolverá novos projectos, ao abrigo de um acordo que foi formalizado oficialmente na cerimónia da inauguração da exposição. O acordo prevê que Ferreira da Silva projecte arranjos escultóricos em materiais de cerâmica ou outros, para praças da cidade, rotundas e espaços públicos, ou decoração de grandes paredes. O artista irá executar um mínimo de três peças anuais, elaborando ainda moldes para a execução de peças decorativas. Ferreira da Silva vai ainda participar na projecção de um ecomuseu e no projecto de construção de um parque de esculturas ao ar livre. A Câmara das Caldas da Rainha assinou ainda um protocolo de colaboração com o Instituto Politécnico de Leiria, com o objectivo assegurar a supervisão científica e técnica da identificação e estudo da obra multidisciplinar de Ferreira da Silva, a cargo do professor João Bonifácio Serra. No âmbito deste protocolo, será editado um catálogo anual, podendo também ser disponibilizado na Internet informação relevante para a comunidade de estudiosos da história dos processos artísticos contemporâneos. Caberá também ao professor responsável realizar uma retrospectiva da obra de Ferreira da Silva, a efectivar no prazo máximo de três anos. “Ferreira da Silva é um justificado orgulho nosso. Faz parte da nossa melhor História, que é a História da Criatividade”, disse João Bonifácio Serra. Para o Comissário da Festa da Cerâmica, hoje deu-se “um passo decisivo para a patrimonialização desta obra, o seu reconhecimento como uma riqueza que deve ser preservada e valorizada e sobretudo colocada em condições de poder ser usufruída por todos”. Na origem da criação do Atelier Ferreira da Silva, João Serra referiu que é justo reconhecer o presidente da Câmara, Fernando Costa, que “desencadeou a iniciativa e a tem conduzido de forma persistente e empenhada”. Segundo João Serra, agora é necessário instalar o Atelier, “com as instalações físicas e os meios humanos operacionais indispensáveis para começarmos a trabalhar”. Quanto aos projectos imediatos, o comissário da Festa da Cerâmica disse que vai propor à Autarquia que celebre protocolos de cooperação com o Cencal, a Molde e o Museu de Cerâmica e oferecer ao Centro Hospitalar colaboração para a valorização da obra de Ferreira da Silva de que é proprietária. Preparar as primeiras exposições do Atelier que serão subordinadas à lógica de uma peça por mês e a realização já no próximo mês de Novembro de um seminário sobre a obra de Ferreira da Silva com a presença de coleccionadores, críticos e estudiosos, são outros dos projectos. O presidente da Câmara lembrou que esta iniciativa é paralela à aquisição de um vasto conjunto de peças de Ferreira da Silva, e outros conceituados ceramistas, que fazem parte do espólio da Secla que são agora propriedade da autarquia. “Dentro de poucos anos as Caldas vai ter dos maiores espólios de cerâmica, de grandes artistas”, referiu. Fernando Costa contou que a ideia da criação do Atelier Ferreira da Silva surgiu numa viagem a Barcelona. “É uma forma de projectar as Caldas, investindo nos seus artistas”, afirmou. O autarca falou em dois possíveis locais para instalar o Atelier Ferreira da Silva. “Uma parte da Secla que nós ainda estamos a tentar negociar com o Banco ou na parte da fábrica Rafael Bordalo Pinheiro adquirida pela Câmara em Maio de 2008”. Trabalhos de Ferreira da Silva no CCC A exposição inclui um conjunto de esculturas cerâmicas e pinturas que fizeram parte de uma exposição realizada em 1994, denominada “Ofélia”. Inspirado no tema da preservação do ecossistema da Lagoa de Óbidos, o artista concebeu uma instalação formada por “assemblages” de peças cerâmicas que evocam o universo bordaliano, tendo por testemunha uma galeria de figuras femininas que se movem como um coro de tragédia em redor dos fragmentos de um cenário devastado. “Quando cheguei às Caldas das Rainha, em 1953, fui muito influenciado por Bordalo Pinheiro. Seduziu-me muito”, disse o Mestre. Da exposição fazem parte também duas esculturas, da década de 90, onde se conjungam os efeitos surpreendentes da pasta cerâmica, revelando as suas estratificações e “impurezas”, com a limpidez de arcos metálicos que os projectam e contêm. Datadas de 2008 e 2009, são três trabalhos da série “Orgósmico”, uma produção que “canibaliza” as diversas modalidades de expressão plástica do autor e atravessa com uma fina ironia a meditação essencial sobre a origem da vida e o motor do universo. Finalmente, surge nesta exposição um conjunto de várias peças cerâmicas, de uma tipologia de formas arredondadas, espécie de cabeças, que foram retalhadas e montadas e depois englobadas e vidradas: Ofélia II. Trata-se de um regresso à mais emblemática das técnicas cerâmicas de Ferreira da Silva, jogando no efeito da cor, dos escorridos, das superfícies rompidas, espécies de figuras decompostas, que, sendo espectadoras, se inquietam. A montagem recorre a manilhas de grés que o artista recriou. A inauguração desta exposição foi também o culminar da edição de 2009 da Festa da Cerâmica, organizada pela Câmara das Caldas da Rainha e que deu destaque à cerâmica de autor. A vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira, sublinhou a qualidade de todos os eventos que integraram esta iniciativa e agradeceu a todos os que colaboraram.
Exposição Colecção Municipal Ferreira da Silva – Primeiras Aquisições” no CCC
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