Sempre que visito o Museu José Malhoa, todo restaurado, com toda a sua beleza e cheiro a renovado, sinto o silêncio, mas ao mesmo tempo tanto me fala que me faz pensar. Com tantos quadros, todos de grande beleza e qualidade, principalmente o espaço gigante, todo ocupado com a vida de Cristo, numa dimensão perfeita, onde a anatomia de todas as figuras me faz pensar no grande modelador pintor de cerâmica que fez todas estas peças, que parecem bem vivas, com todas estas expressões, onde se sente o sofrimento, a raiva, a doçura de Cristo, resignado, mas ao mesmo tempo, figuras de gozo, dos que maltrataram Cristo, dos seus malfeitores, e em cada peça sente-se tudo, e o que elas revelam, caras de velhos, peles enrugadas, que é difícil descrever o que elas “quase nos falam” e “o que querem dizer”, e cada um de nós tira a sua ilação. Todo o Museu está bem lindo, com algumas paredes de vidro que o arquitecto fez, com grande ousadia, onde se vêem os verdes do Parque, são autênticas paredes de luz, vida e natureza. E é aqui, sentada na sala do pintor José Malhoa, cheia de luz, que numa manhã de domingo de muito calor, ali a temperatura é fresca. Os quadros envolventes são tão belos, tão cheios de cor, que eu ficaria ali eternamente e decerto descobriria a cada momento mais qualquer pormenor. Todos os domingos sinto um apelo a esta visita ao Museu. As estátuas de bronze são sinónimo de grandes escultores, que com a sua mão firme conseguem a perfeição de um “retrato” que apetece tocar. Tenho ousadia de agradecer aos arquitectos de interiores que transformaram este belo Museu José Malhoa, que fica igualmente bem ao lado de qualquer museu da Europa. Vejam só a sorte que nós caldenses temos, é que este Museu está situado no meio da nossa cidade, e visitando o Hospital Termal, a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, passamos pela entrada do Parque, que tem o céu de vidro, estamos no Parque D. Carlos. Belo casamento, e passeamos calmamente, olhamos o lago, já com os seus barcos e tudo se sente, com as suas árvores frondosas, que se entrelaçam e dão um ar fresco e muito limpo, onde os pombinhos são o delírio das crianças. De novo no Museu José Malhoa, decerto já nasceu com todo o dom de belíssimo pintor, onde cada pincelada traz a sua marca genética, que se confirma quando assinava com o seu nome e a data em que o acabava. Alguns, de dimensões gigantescas, como o quadro ” O último interrogatório do Marquês de Pombal”, em que nós olhamos e sentimos os cetins, os veludos, em que o brilho dos tecidos, onde num ambiente escuro, de escritório, onde os torneados da madeira, são tão verdadeiros que apetece tocar neste grandioso quadro. Olhando para o quadro das “Promessas”, um dos melhores quadros, onde as figuras das peregrinas que se movem em terra batida, num cumprir das promessas religiosas, com os seus estandartes, com ar de faces tristes, sabe-se lá o porquê. Num ambiente paisagístico de natureza agreste sobressaem as vestes, os lenços na cabeça, gente do povo de aldeia, que com, toda a sua fé, segue com o seu estandarte de procissão e desfalecimento de quem vai cumprindo o que prometeu. Há outro quadro enorme, e que diz muito à nossa cidade, é o da Rainha D. Leonor, sentada no seu trono, na sua cadeira real, com o escudo por cima da sua cabeça, coroada e numa expressão bela, digna, rica e de uma beleza repousante. Foi esta nossa Rainha D. Leonor que fundou as Caldas da Rainha, quando necessitou das águas sulfurosas e milagrosas, e então criou o hospital para cuidar e tratar dos pobres e leprosos e fundou a 1ª misericórdia do mundo, portanto, senhora de uma grande riqueza interior e portadora do seu nome ligado ao Hospital Termal de Caldas da Rainha. Mais uma razão que deve fazer pensar as gerações de hoje e interrogarem-se o porquê do nome da nossa cidade. Mas só isto não chega, deve haver orgulho e nas visitas de tantos e tantos caldenses, passeios familiares, ao domingo de manhã, levando os filhos e ensinando-os a olhar estes belos quadros, tão belos que nos apetece sempre voltar. Tal como a educação escolar, também o Museu faz parte do despertar para uma cultura, uma educação e respeito pelo ambiente. Portugal felizmente tem tantos museus de pintura, escultura, azulejaria, coches de brinquedos, etc, para que fiquem registados nas nossas memórias todos os momentos. Alda Marques Morgado
Uma visita ao Museu José Malhoa
13 de Maio, 2009
Sempre que visito o Museu José Malhoa, todo restaurado, com toda a sua beleza e cheiro a renovado, sinto o silêncio, mas ao mesmo tempo tanto me fala que me faz pensar. Com tantos quadros, todos de grande beleza e qualidade, principalmente o espaço gigante, todo ocupado com a vida de Cristo, numa dimensão perfeita, […]

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