O CCC das Caldas da Rainha recebeu no passado fim-de-semana duas peças do Teatro dos Aloés, do qual faz parte José Peixoto, co-fundador do Teatro da Rainha. O Teatro dos Aloés está sedeado nos Recreios da Amadora e a maioria dos seus elementos fazia parte do Teatro da Malaposta. “Houve um confronto de natureza política e a actividade da companhia da Malaposta foi suspensa”, contou José Peixoto. A palavra Aloés surge porque esta planta simboliza a resistência, porque pode estar quatro anos sem água. Isto porque o objectivo principal da companhia é gerar apetências teatrais, tendo em conta que há pouco público para o teatro. “Roupa Suja”, de Jean-Claude Grumberg, e “Os Dias Arrastam-se e as Noites Também”, de Léandre-Alain Baker, foram as duas peças apresentadas nas Caldas da Rainha. Em “Roupa Suja” o mais surpreendente da peça é mesmo o volte-face que acontece pouco tempo depois do intervalo, embora desde o início existam sinais de que algo de estranho se passa. No final percebe-se que afinal todos eram actores e que só pensam nos seus papéis. O único que é generoso é o técnico, “que faz tudo o que é preciso pelo amor ao teatro”, explicou José Peixoto, que é um dos protagonistas. Embora seja uma peça francesa, José Peixoto acha que também representa a realidade portuguesa, onde os actores precisam de fazer televisão ou dobragens para poderem ter dinheiro. Segundo José Peixoto, a peça fala da importância do sexo na nossa sociedade, “que acaba por ser o motor de todas as acções que acontecem”. O facto da acção decorrer numa lavandaria não é por acaso, porque o que está em causa é também a limpeza desses actos. Em “Os Dias Arrastam-se e as Noites Também” há uma dupla leitura. Por um lado, é abordado o conflito conjugal de duas pessoas que estão em ruptura porque um trabalha de noite e outro de dia. Por outro lado, o estranho que aparece na casa do casal simboliza os imigrantes que a Europa acolhe, sem os entender. “Há um conflito entre a cultura europeia e a africana”, explicou José Peixoto, sublinhando a importância que a sabedoria de África poderá ter no espírito consumista da Europa. Este foi um “regresso” de José Peixoto às Caldas, onde continua a ter raízes. O actor e encenador aproveitou para lembrar como esteve na génese do Teatro da Rainha, chamado por José de Sousa que lhe pediu para “vir fazer formação de alguns elementos que não eram profissionais”. Mais tarde acabariam por formar uma companhia profissional, na Casa da Cultura. José Peixoto, que faz parte da direcção do Teatro dos Aloés, mostrou-se muito interessado em voltar com esta companhia ao CCC. Não só pela sua ligação às Caldas da Rainha, mas também porque entende que este pode ser um espaço de excelência da cultura. “Em boa hora foi decidida a construção disto e espero que gere muito público”, uma vez que é notório que existe uma grande capacidade de atracção dos caldenses.
Teatro dos Aloés apresentou duas peças no CCC

Últimas
Artigos Relacionados
‘O Diário de Hodgkin’ apresentado na Biblioteca
A Biblioteca Municipal do Cadaval recebeu no passado dia 8 a apresentação do livro "O Diário de Hodgkin", de Rute Silva. A obra retrata a batalha da autora contra o Linfoma de Hodgkin, um cancro do sistema linfático que enfrentou por duas vezes.
Filme sobre Caldas da Rainha nos voos de longo curso da TAP
A partir de abril, os passageiros que viajem de e para as Américas (Brasil, Estados Unidos, Canadá e Venezuela) e África (Luanda, Maputo e São Tomé) terão à sua disposição uma escolha dos melhores filmes nacionais, selecionados entre os premiados do Festival Art&Tur, e entre os quais está "Caldas da Rainha Magnifica". Foi assim escolhido para constar da lista de filmes a integrar os voos de longo curso da TAP.
Recuperação e conservação de fachadas e coberturas do hospital são obras para 2026
A recuperação e conservação de fachadas e coberturas do hospital das Caldas da Rainha deverão ser realizadas durante o ano de 2026, num investimento de 784 mil euros, anunciou a Unidade Local de Saúde do Oeste (ULSO), que viu aprovada uma candidatura para a obra no âmbito do Fundo de Reabilitação e Conservação Patrimonial.
0 Comentários