“As preocupações com o envelhecimento das pessoas com deficiência, e ao mesmo, começam logo no início da vida de cada um, temendo os pais que, depois da sua morte, os filhos sejam votados ao abandono. Quantos e quantos pais não têm desejado que seus filhos com deficiência morram antes deles, para não ficarem abandonados. É frequente afirmar-se: “que Deus o leve”, palavras de Acácio Catarino, Presidente da Assembleia Geral do CEERIA e Presidente do Conselho Nacional para a promoção de Voluntariado, no seminário sobre o Envelhecimento na Pessoa com Deficiência ou Incapacidade que decorreu no dia 10 de Julho, no Cine-Teatro de Alcobaça. Para este responsável, “a avaliação pelo menos anual, da adequação quantitativa e qualitativa das respostas existentes e a programação de políticas e iniciativas com prioridade às pessoa de grande dependência é fundamental”. “A dignidade pessoal não é redutível a nenhuma aparência; por isso deveríamos organizar-nos para que todas as pessoas a possam viver em qualquer situação; tal objectivo implica a atribuição da prioridade máxima a quem se encontra em situações de maior deficiência ou incapacidade”, sublinhou. Este Seminário foi organizado pelas Instituições de Solidariedade Social do Concelho de Alcobaça de Apoio ao Idoso e Reabilitação e do Município, com a finalidade de debater questões relacionadas com o aumento da esperança média de vida deste público, bem como questionar a importância da preparação do homem e da sociedade organizada para responder aos problemas cada vez mais prementes que surgem com o envelhecimento. Durante este encontro foram apresentados estudos e exemplos concretos dos grandes desafios existentes actualmente neste campo. Perante uma assistência de mais de 100 pessoas, o seminário destinou-se a técnicos, cuidadores e à comunidade geral. Numa das comunicações, Goreti Peça, Teresa Andrino e Cláudia Carvalho técnicas do CEERIA – Centro de Educação Especial e Recuperação Infantil de Alcobaça, apresentaram um exemplo concreto de um utente daquela instituição, o Elias de 55, individuo com mais idade que integra o Centro de Apoio Residencial. “O Elias viveu a maior pare da sua vida, com os eus pais, num ambiente pacato e feliz, relacionando-se maioritariamente com a família alargada e vizinhança. Vai crescendo em idade, mas não em termos de desenvolvimento, situando-se numa fase muito precoce. O seu processo de maturação é marcado também pela ausência de percurso escolar que o impossibilita de vivenciar dinâmicas com grupos de pares que lhe permitissem experiências de partilha e exploração de si e do outro, de acção, de confronto, oposição, separação”, referiram, acrescentando que “aos 48 anos, integra o CEERIA, primeiro no Centro de Actividades Ocupacionais (CAO) e depois no Centro de Apoio Residencial (CAR), quando os pais deixam de poder assegurar, por questões de saúde, a qualidade dos cuidados até aí prestados”. Quanto à antecipação do futuro do Elias e da sua família, as técnicas sublinharam que quando alguém no seu percurso de vida não realiza processos de separação “é importante antecipar a necessidade do apoio de terceiros, tal como a futura ausência de quem sempre foi presente, antecipando a perda, mas também a ligação a novos cuidadores familiares institucionais num processo gradual, de complementaridade e numa parceria sempre activa”. Elias agora com 55 anos, está bem integrado na Instituição onde tem o apoio da irmã que o vai buscar para ele visitar a mãe e o pai que têm mais de 80 anos. Que outros parceiros podem surgir na continuidade da qualidade de vida do Elias, na saúde, na mobilidade e na participação na vida comunitária, no garante da continuidade da interacção entre pais envelhecidos e filho com deficiência, na ajuda à complementaridade entre a família e instituição? Questão que as técnicas do CEERIA deixaram ao público no final da sua intervenção. Maria João Almeida, do Instituto de Segurança Sócia, referiu que a história social nas pessoas com deficiência é ainda uma história curta, sobretudo no que se refere à prestação de cuidados em idades mais avançadas. “Nos últimos anos têm-se vindo a desenvolver políticas socais públicas, com a sociedade civil, que visam a adequação dos apoios às pessoas com deficiência à sua longevidade”, referiu. Marlene Sousa
Preocupações com o envelhecimento das pessoas com deficiência

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