O Encontro dos Amigos do Huambo tem perdido fulgor de ano para ano, e nesta edição de 2008 esse sentimento ficou demonstrado nas pessoas que foram entrevistadas pelo JORNAL das CALDAS, apesar de haverem optimistas. “Antes eu gostava imenso, porque encontrávamos os nossos amigos. Agora, infelizmente, uns já morreram, outros não querem vir e outros estão velhos. Eu venho e conheço muito pouca gente. Acabo por vir porque tenho de pagar as cotas”, começou por dizer Rita Guedes Firmino. Esta mulher que traz a família para este convívio anual confessou que “toda a minha família gosta imenso de vir aqui”, apesar de lamentar que o encontro já perdeu o fulgor de outros anos. “Como antigamente nunca mais vai ser. A juventude pouco ou nada se conhece. A tradição era uns abraços entre todos. Éramos uma família. Agora os da nossa idade vão morrendo, estão doentes e não querem vir”, manifestou. “Falta transmitir o espírito dos Amigos do Huambo. Do nosso país, da nossa terra”, afirmou. Já Rui Bastos, num tom de satisfação, começou por dizer que a Mata da Rainha “é uma sombra fixe. Para quem viveu no meio do mato, no deserto, isto é um paraíso. É uma sombra fresquinha e boa ao lado dos nossos camaradas e companheiros”. Quanto ao desinteresse da população, este morador em Lisboa refere que “a malta nova tem pouco a ver com isto”, acrescentando por outro lado que “somos poucos mas bons”. O seu colega João Marcão é da opinião que o desinteresse dos mais novos se deve “à juventude actual que não conhece a realidade”, apontando que “a geração dos 50/60 anos ainda vem ao encontro. Mas já notamos que há menos pessoas. De ano para ano tem vindo a diminuir. Um dia acaba infelizmente”. Mas além desta falta de tradição de pais para filhos, há a considerar outras condições que nos anos 80/90 havia na Mata e que de ano para ano têm vindo a perder-se, o que também leva a muita gente não estar nestes encontros. “De ano para ano tem vindo a mudar. No início, em 80, tínhamos os balneários do gimnodesportivo e dava para tomarmos um duche e termos outras condições. Agora temos menos condições e até temos menos música por causa do Hospital. Já não é aquela carisma de antigamente”, afirmou António Firmino. Ainda assim este mecânico de profissão e que nunca faltou a nenhum encontro é da opinião que os Encontros do Huambo “devem continuar a realizar-se na Mata, porque é o local ideal”, apelando para que sejam criadas mais condições sanitárias para os convivas. Carlos Barroso