Amado Ventura da Silva faria 63 anos no dia 27 de Abril. Para este grupo de amigos tem sentido celebrar o seu aniversário. Homem sonhador, convicto, comunicador nato, independente, universalista, valorizador do saber e sobretudo do saber fazer. Valorizava a equipa, sabia constituí-la e motivá-la, procurando integrar até aqueles que outros rejeitavam, sabendo pô-los a render, com o reconhecimento de que cada um dispõe de talentos próprios, assim lhes sejam proporcionadas oportunidades. Amante de Liberdade, não por palavras, mas com acção empenhada, determinado e lutador por ideais de igualdade e liberdade, a ponto de ter sido preso, preso político, de causas nobres e fundamentais para todo o ser humano. Com o 25 de Abril de 1974 também lhe foi restituída a Liberdade pela qual lutou durante muitos anos com outros e sempre prezou essa mesma Liberdade, mesmo quando confrontado mais tarde com as naturais hipóteses do poder e de melhores remunerações. Como técnico, foi igualmente grande, porque dotado, trabalhador e estudioso. Fez parte do último grupo de técnicos de fruticultura que soube aproveitar a “Escola” Professor Vieira Natividade em Alcobaça. Independentemente da formação académica (no caso Engenharia Agronómica), a regra para ser Técnico de Fruticultura exigia uma formação complementar na Estação Nacional de Fruticultura Professor Vieira de Natividade durante 3 anos. Aprendia-se aí com os Mestres, entre eles Prof. Vieira Natividade, engenheiros Avelar do Coto, Tomás Ferreira, Goucha, Pablo, Cardeira e com os próprios trabalhadores dos campos experimentais e de investigação. Havia uma Estação de Fruticultura equipada de bons laboratórios e departamentos chefiados por técnicos conceituados, como os engenheiros Tomás Moreira, Matias e outros, que a pouco e pouco ao longo destes últimos anos acabaram por deixar a Estação de Fruticultura. Outra grande referência era a biblioteca da Estação Nacional, pelos livros e colecção extraordinária de revistas da especialidade. Á leitura dedicava imenso tempo, tendo sido sempre um grande apaixonado pelos livros. Quando se deslocava ao estrangeiro trazia sempre uma carrada de livros técnicos. Amado da Silva, nos terrenos dos fruticultores, com os técnicos mais experientes aprofundava os conhecimentos do estudo dos solos com análise obrigatória dos perfis culturais. Nos pomares, praticava a condução dos mesmos, em especial, a melhor técnica de poda segundo os Mestres, sem esquecer e, tentando sempre respeitar os interesses dos fruticultores e integrar a larga experiência de certos grupos de podadores. E depois desta experiência de 3 anos de intensa formação pomícola, foi colocado nos serviços regionais/DRARO, tendo-se lançado então como Técnico de Fruticultura na Região, sem nunca perder de vista o todo nacional e as experiências estrangeiras, de que era ávido, em especial a francesa, espanhola e italiana. Não perdia a oportunidade de chamar a atenção dos fruticultores para a necessidade de se organizarem. Normalmente, após um dia de trabalho, já nas adegas, à noite, discutia-se um pouco de tudo, em que o futebol também tinha o seu lugar. Porquê lembrar, festejar e homenagear? Porque o primeiro desejo não foi impor-se, não foi a vontade do poder, ou os melhores vencimentos, mas o serviço, comunicar de imediato aos fruticultores e outros técnicos aquilo que acabara de concluir num ensaio e/ou de adquirir na última viagem ao estrangeiro. Claro que privilegiava aqueles que mais rapidamente correspondiam como técnicos ou como fruticultores. Aqueles que faziam, que acreditavam e realizavam com celeridade. Foi o caso de Vítor neves, fruticultor eestino, da Lagoa Parceira, de Caldas da Rainha, falecido no passado dia 6 com 49 anos. Disse um fruticultor conterrâneo, “o engenheiro Amado da Silva e o fruticultor Vítor Neves são duas grandes perdas, em pouco tempo, para o Oeste e para fruticultura”. De facto, assim nós o entendemos e todos os que conviveram de perto com estes dois Homens sábios, técnico-pragmática e humanamente falando. Pessoas generosas, são excelentes exemplos a seguir. Render homenagem ao Homem e ao técnico Amado da Silva, para que o seu exemplo frutifique e se perceba que a vida tem mais sentido quando vivida com generosidade e ideais ambiciosos. Parece-nos que a melhor homenagem consiste em manter viva a memória do Homem e do técnico, que sempre apostou na implementação das boas ideias e projectos; assim se perpetua o seu ilustre testemunho. Também a nossa participação deverá passar pelo empenhamento técnico e humano, estudando e trabalhando sem desânimo, assim como pela cooperação e entendimento dos vários intervenientes e instituições afins. E, para que a vida vá para além das cinzas que o vento possa espalhar, é necessário cultivar e amar as grandes causas, dedicando-se às mesmas com muita entrega e generosidade, tal é o exemplo deste Homem, cientista, experimentador, investigador, pragmático e extensionista especializado, que pretendemos homenagear, olhando-o como modelo. A sua e a nossa obra continuará. Um grupo de amigos oestinos
Homenagem a Amado da Silva
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