O inquérito efectuado pelo Hospital das Caldas da Rainha à morte de uma bebé de quatro meses, de Peniche, que faleceu na manhã de 13 de Fevereiro, rejeita ter havido irregularidades no procedimento médico, confirmou na semana passada ao JORNAL DAS CALDAS o director clínico daquela unidade de saúde, Manuel Nobre. No processo de averiguação interno, para o qual o conselho de administração nomeou um investigador médico, funcionário do hospital, concluiu-se que “não houve comportamentos menos correctos na actuação médica nem foram descobertos indícios de más práticas”. O que estava em causa na conduta do Hospital das Caldas da Rainha era o facto de dois dias antes da morte, Lara Almeida Alfaiate ter recebido alta do estabelecimento de saúde, onde esteve cinco dias internada no Serviço de Pediatria e lhe foi diagnosticada uma bronquiolite. Segundo o relatório médico, entrou no dia 7 com “tosse, obstrução nasal, febre e dificuldade nas mamadas”. Foi medicada e por apresentar uma boa evolução clínica teve alta no dia 11, com a recomendação de ser seguida no médico assistente e tomar um medicamento broncodilatador e um antibiótico utilizado no tratamento de infecções bacterianas. No dia 13 o agravamento do estado de saúde alterou os planos de recuperação. Contudo, segundo o director clínico, “não houve inadequação da alta autorizada pelo Hospital”, pelo que o caso foi arquivado, depois de dado a conhecer à Inspecção Geral de Saúde e aos pais da criança, que, assegurou Manuel Nobre, “nunca apresentaram queixa no Hospital”. Em curso está ainda o processo desencadeado a pedido da ministra da Saúde para o esclarecimento do caso junto do INEM e da Direcção-Geral de Saúde, que tutela a Linha Saúde 24. Os pais da menina acusam o INEM de falta de assistência por não ter enviado uma VMER (viatura médica de emergência e reanimação) para fazer reanimação cardio-respiratória, e a Linha Saúde 24 do Ministério da Saúde de assistência indevida, ao encaminhá-los para uma unidade de saúde mais distante do local onde se encontravam – Peniche. Quando se aperceberam de que a criança apresentava mal-estar e sintomas de um agravamento do estado de saúde, os pais telefonaram para o 808 24 24 24 (Linha Saúde 24, serviço que faz triagem, aconselhamento e encaminhamento em situação de doença). “Digo a uma senhora que se identifica como enfermeira que a menina não está bem, estava a ficar pálida e com os lábios roxos. Ela perguntou se eu tinha transporte próprio e manda-me ir para o Hospital das Caldas, pois ia enviar um fax a avisar”, contou o pai, Ricardo Alfaiate, ao JORNAL DAS CALDAS. No trajecto, no entroncamento do IP6 com a A8, no concelho de Óbidos, a bebé pára de respirar, para aflição dos pais. Ricardo Alfaiate, que é bombeiro, resolve encostar o carro e fazer a reanimação, o que consegue. “Vomitou papa, mas ficou a respirar”, recordou. Tenta de seguida pedir ajuda pelo 112. “Fartámo-nos de telefonar e ninguém atendeu. Só passado um pouco é que me telefonam do CODU de Coimbra, porque viram várias chamadas do mesmo número, a perguntar o que se passava. Disse-lhes logo para enviarem a VMER, que a criança tinha tido uma paragem respiratória”, descreveu. “Fartaram-se de fazer perguntas em vez de dizerem que iam enviar”, manifestou, indignado. “Não apareceu ninguém e tive de ser eu a continuar o transporte até ao Hospital, mas a menina antes de chegar teve outra paragem respiratória e entrou já cadáver”, lamentou. O pai da criança acredita que “se a VMER tem ido ao meu encontro, o que me faria ficar parado a continuar as manobras de reanimação, ou se a enfermeira que me atendeu na Linha Saúde 24 me diz para eu ir para o hospital de Peniche ou para eu não sair de casa que me ia mandar a SIV (ambulância de suporte imediato de vida) que está parada à porta do hospital de Peniche, a minha filha ainda estava viva”. O Gabinete de Comunicação e Imagem do INEM lamentou o caso mas rejeitou as acusações, sustentando que o estado de aflição dos pais não permitiu que comunicassem correctamente onde se encontravam para lhes ser prestado socorro. “Como foi comprovado pela audição da gravação das chamadas telefónicas, tratou-se de uma situação em que os familiares apresentavam um quadro de total desespero e descontrolo, que tornou impossível o envio de assistência, pois apenas referiam que estavam no “IP6”. Perante os pedidos do operador do CODU, os familiares não foram capazes de dar qualquer outra referência ou de parar a viatura para que indicassem onde estavam e os meios de socorro fossem para aí encaminhados”, referiu o INEM. De acordo com este organismo, “a chamada foi várias vezes desligada pelos familiares, tendo no entanto o operador do CODU voltado sempre a ligar de volta, apelando à calma possível e à indicação de pontos de referência que permitissem o envio de ajuda. Finalmente, os familiares informam que estão à entrada das Caldas da Rainha e é indicado que seguissem para a urgência do Hospital local, tendo de imediato o CODU informado o respectivo serviço de urgência de que iria dar entrada uma criança em situação de emergência”. Já a Direcção Geral de Saúde não prestou esclarecimentos. Os pais admitiram terem “entrado em pânico”, mas garantiram que conseguiram transmitir a sua exacta localização. “Disse-lhes que estava num Golf preto no IP6, a chegar à A8. Na região o IP6 é uma estrada de poucos quilómetros entre Peniche e Óbidos, não havia que enganar”, afirmou Ricardo Alfaiate, que apresentou uma queixa em tribunal para apurar a responsabilidade na morte. Francisco Gomes
Inquérito no Hospital das Caldas afasta responsabilidade em morte de bebé
10 de Abril, 2008
O inquérito efectuado pelo Hospital das Caldas da Rainha à morte de uma bebé de quatro meses, de Peniche, que faleceu na manhã de 13 de Fevereiro, rejeita ter havido irregularidades no procedimento médico, confirmou na semana passada ao JORNAL DAS CALDAS o director clínico daquela unidade de saúde, Manuel Nobre. No processo de averiguação […]

Inquérito no Hospital das Caldas afasta responsabilidade em morte de bebé
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