Pinturas ajudam bebé de Óbidos que sofreu enfarte cerebral David é um bebé de Óbidos prestes a completar dois anos que sofreu um enfarte cerebral e nasceu prematuro, tendo ficado com várias sequelas que condicionam a sua vida, sobretudo devido ao elevado défice visual. Os pais desdobram-se em consultas nos médicos para tentarem melhorar o seu crescimento e para ajudar nas despesas das deslocações a mãe da criança pinta quadros que coloca à venda em exposições, como a que decorre no Centro da Juventude das Caldas da Rainha. Conceição Lourenço, de 31 anos, não tem tido uma vida fácil. Com mais três filhos, uma menina de seis anos e dois rapazes de 13 e 16 anos, de outro casamento, ficaria viúva há quatro anos, na sequência de um acidente que vitimou o marido. Para se distrair e “não pensar nos problemas”, começou a pintar nos tempos livres e entretanto encontrou um novo amor e ficou grávida. Mas o azar bateu-lhe de novo à porta, porque sofreu um acidente com uma carrinha que guiava e que fez descolar a placenta. “Com a falta de oxigenação no cérebro, o David teve várias complicações, um AVC, hemorragia cerebral, problemas no fígado, anemia grave que levou a ter quatro transfusões de sangue, um edema da córnea e problemas no coração”, recordou. A criança acabaria por nascer aos seis meses. “Tinha um quilo, costumo dizer que cabia dentro do bolso, porque quase não se via”, relatou Conceição Lourenço, adiantando que “o médico não nos deu esperanças nenhumas de vida”. Mas David resistiu e a um mês de completar dois anos os piores problemas que tem são ao nível da visão. “Não vê praticamente quase nada. A esperança é que as células do cérebro possam regenerar-se. Temos procurado, até mesmo no estrangeiro, mas não temos encontrado grande resposta, porque o David não vê não é porque tenha problemas nos olhos, que funcionam a 100%, é cerebral e a medicina não está assim tão avançada. Temos de esperar”, revelou a mãe. Chegou a ir a dez hospitais e consultas não faltam: “O David faz fisioterapia uma vez por semana no Hospital Termal das Caldas da Rainha, porque o lado direito (braço e perna) ficou um bocado atrofiado (como se tivesse tido uma trombose), tem terapeuta ocupacional duas vezes por semana, tem educador uma vez por semana, estamos a tentar que comece a ir à natação, para ajudar, e estamos à espera da ACAPO porque precisamos de alguma orientação, sobretudo quando ele começar a andar, porque ainda não anda, nem fala, está muito atrasado em relação à idade, esperemos que ele venha a fazer isso”. Por consequência, “as despesas são muitas”, e de acordo com Conceição Lourenço, “não há apoios do Estado”. “Como deixei de descontar porque estava em casa a ocupar-me do David, cortaram os subsídios de deficiência”, lamentou. Para arranjar verbas, vai vendendo os acrílicos e aguarelas que pinta. “Sou uma pintora autodidacta. Gosto mais de pintar flores, elementos da natureza e coisas que imagino. Gosto muito das paisagens do Alentejo e Lagoa de Óbidos, que transmitem calma”, indicou. “Os materiais sou eu que compro conforme as minhas possibilidades. Não tenho muito dinheiro para investir”, declarou, aproveitando para pedir o patrocínio de lojas. Cerca de duas dezenas de obras de Conceição Lourenço encontram-se em exposição na ala direita do Centro da Juventude das Caldas da Rainha até ao final de Março. Aos visitantes é anunciado que “o valor da venda dos quadros expostos servirá para proporcionar mais qualidade de vida ao David e ajudar nas deslocações a várias consultas”. “Pinceladas por David” é a segunda mostra que realiza, depois de em Novembro do ano passado ter efectuado uma exposição no Centro Cultural e Recreativo do Arelho, em Óbidos, onde reside e onde o marido trabalha numa empresa municipal. Conceição Lourenço apela a quem possa ceder-lhe espaços de exposição e aceita também encomendas de telas e aguarelas. O seu contacto é o 934010878. Existe ainda uma conta bancária de apoio, com o NIB 0035 0543 0000 5616 8008 4. Francisco Gomes